Artigo: Medidas para levar comida aos mais pobres
Renato Câmara (*)
Ao longo de quase duas décadas, o programa Vale Renda tem se mostrado um instrumento eficaz de combate à pobreza em Mato Grosso do Sul. Administrado pelo governo do Estado, o programa atende famílias em situação de vulnerabilidade socioeconômica, levando alimento à mesa e auxiliando-as no trajeto para a independência e melhores condições de vida em um futuro mais digno.
Acredito que com a chegada da crise econômica e social provocada pelo coronavírus, o Vale Renda certamente ganhará um protagonismo de socorro à economia e a fome ao longo dos próximos meses, já que junto com o isolamento social exigido pela Covid-19 devem vir o fechamento de postos de emprego e a redução da renda das famílias.
Essa desaceleração da economia é um fato que nos traz grande preocupação, já que consequentemente deve gerar a migração de milhares de trabalhadores do sistema produtivo para a vulnerabilidade. Essa situação, somada aos trabalhadores informais e as pessoas que já estão desempregadas, pode provocar uma crise social nunca antes vista em nosso Estado. Atualmente, são pouco mais de 23 mil famílias atendidas pelo programa, com repasse mensal de R$ 200,00. Para auxiliar as famílias, o governo já anunciou que o valor do benefício vai subir para R$ 240,00 pelos próximos três meses.
Mesmo com esse reajuste, o programa precisa de medidas emergenciais para ampliar o número de beneficiários, tendo em vista que o Vale Renda possui estrutura organizada e articulada em praticamente todos os municípios, conhecendo a realidade de cada comunidade e sabendo os locais onde se concentram as famílias em maior estado de vulnerabilidade.
Diante deste cenário incerto imposto por essa pandemia, o mapa da pobreza deve aumentar no Estado. Por isso, tenho trabalhado nas últimas semanas como um braço de apoio do Executivo estadual e dos municípios, apresentando medidas e caminhos a serem tomados para minimizar a crise que ainda se anuncia e que deve atingir seu ápice nos próximos meses. O planejamento antecipado é fundamental para diminuir seus impactos.
Nossa proposta ao governador Reinaldo Azambuja pede que o Vale Renda seja ampliado gradativamente, seguindo os indicadores econômicos e sociais e levando em conta as famílias já cadastradas que aguardam na fila de espera do programa. Essa ampliação pode ser feita através da utilização de parte dos recursos de fundos estaduais já existentes, como Funjecc, Funles e até mesmo do Fundersul, desde que a fatia destes recursos não seja retirada de ações na área rural, mas sim de alguns investimentos destinados atualmente para atender obras de infraestrutura urbana, como recapeamento de vias.
Esses novos recursos, além de colocar o pão na mesa dos mais necessitados, também teria o potencial de fortalecer a economia, movimentando os pequenos comércios. Sem dúvida, esta deve maior crise pós-segunda guerra mundial. Para superá-la, precisamos estar desarmados dos preconceitos e das ideologias políticas e com os esforços concentrados para apoiar os mais necessitados e enfrentar o coronavírus.
Somente com espirito comunitários e governamentais voltadas para os mais necessitados, conseguiremos deixar para trás as consequências da fome e do desespero. Que Deus possa iluminar o caminho de todos nós nesta grande travessia.
(*) – É engenheiro agrônomo, mestre em gestão e produção agroindustrial. Exerce o segundo mandato de deputado estadual pelo MDB