Fim do milho voluntário em MS: uma questão de decisão e alinhamento de ações
A atividade legislativa nos permite o contato com muitas questões do dia a dia, o conhecimento dos anseios da sociedade e ainda os problemas que afligem os diversos setores públicos e privado. A atividade pública produz serviços de atendimento ao cidadão. Os segmentos da iniciativa privada atuam, por exemplo, na produção agroindustrial. Neste contexto, acabamos de realizar uma audiência pública voltada a atender gargalo do setor agrícola, abordando uma preocupante situação: o aumento do milho voluntário em propriedades rurais de Mato Grosso do Sul.
Ora, com tantas entidades dos governos Federal e Estadual e, principalmente, empresas multinacionais absolutamente técnicas e preparadas para orientar e ajudar a impedir o aparecimento do tal milho tiguera (milho guaxo no palavreado popular), por que esta planta daninha está voltando a incomodar e assustando os agricultores da Grande Dourados e demais regiões produtivas do Estado? O que fazer como legislador para contribuir na resolução do cerne da questão?
Basta lembrar que o milho tiguera fica na lavoura, às vezes, até em meio a plantas de soja. A cigarrinha (Dalbulus maidis) vai migrando de um milho para o outro e, quando chega o plantio da próxima safra, o inseto pode contaminar a lavoura resultando em enormes prejuízos à produtividade. Para fazer o enfrentamento, renomados órgãos públicos como a Embrapa, Fundação MS, Famasul, Aprosoja, e empresas da iniciativa privada como a Bayer e tantas outras mundialmente conhecidas têm em mãos pesquisas realizadas à exaustão. Todos adquiriram conhecimento de sobejo que garantem a prevenção e o combate para a erradicação das plantas daninhas, sendo a prática de manejo determinante para manter longe da lavoura a cigarrinha, que causa doenças conhecidas como enfezamentos, e resultam nos prejuízos hoje reclamados pelos produtores de milho e, ao mesmo tempo, ao Estado.
Após sessões de palestras da audiência pública, com participações de renomados agrônomos e pesquisadores, ficou patente que o maior responsável pela presença do milho tiguera, seja nos talhões da propriedade, no meio das plantações de soja, às margens das estradas vicinais, em canteiros de ruas e avenidas e em outros locais jamais pensados, são os próprios integrantes da cadeia produtiva do milho, começando pelo agricultor, passando pela logística de transporte e os órgãos de fiscalização e inspeção da produção agropecuária.
Aqui, jamais, nunca, queremos apontar algum responsável, afinal, como legislador buscamos regulamentar ações. Contudo, é possível entender que chegou a hora de formatar um plano único, com a soma das pesquisas científicas, informações das experiências pertinentes e das manifestações dos órgãos reguladores para que, num futuro próximo, o milho tiguera faça apenas parte da história, um momento vencido, superado.
Para isso, está lançado o desafio: começa agora o alinhamento de propostas, condutas e ações para consubstanciar um plano para que o Mato Grosso do Sul, sobretudo, as entidades, instituições, governo e os agricultores ativem o ‘modo operandis’ único. Será linguagem única contra a planta daninha, o milho tiguera, a cigarrinha, através do manejo.
Como presidente da Comissão Permanente de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, iniciamos esta campanha, inicialmente, para conscientizar e, simultaneamente, levar informações sobre o manejo que os produtores devem adotar e, sobretudo, visando evitar o uso de herbicidas por uma agricultura ecológica e mais sustentável. Esta busca, empenho e conduta sob a liderança do Governo do Estado, através dos órgãos de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia com certeza, vai possibilitar o eficaz combate à cigarrinha e, principalmente, evitará a germinação do milho voluntário (tiguera/guaxo) nas áreas de agricultura de Mato Grosso do Sul. Este levante é a resposta. Mas, o sucesso dessa meta depende de todos. Estamos apostos. Os agricultores já estão convocados.