O uso sustentável das nossas riquezas naturais

Renato Câmara ()

Com grande riqueza de fauna e flora, as unidades de conservação ambiental têm a função de salvaguardar a representatividade de porções significativas e ecologicamente viáveis das diferentes populações, habitats e ecossistemas do território nacional e das águas jurisdicionais, preservando o patrimônio biológico existente. Além disso, garantem às populações tradicionais o uso sustentável dos recursos naturais de forma racional e ainda propiciam às comunidades do entorno o desenvolvimento de atividades econômicas sustentáveis.

É cada vez mais evidente que as unidades de conservação têm um papel importante no desenvolvimento sócio econômico das regiões onde estão localizadas por diversos fatores, como visitações e uso público das áreas que, em muitos casos no Brasil e em outros países, têm elevado efeito multiplicador na economia local.

Mato Grosso do Sul conta com 126 unidades de conservação, sendo 16 federais, 50 estaduais e 60 municipais. São parques, monumentos naturais e Áreas de Proteção Ambiental (APAs), que podem ser usados, dependendo de cada situação, para o turismo ecológico, pesquisas científicas, educação ambiental e recreação.

No total, são 5,5 milhões de hectares, que poderiam ser melhor potencializados para o turismo, pesquisa, educação ambiental, entre outras finalidades de característica sustentável. As maiores áreas são o Parque Estadual Matas do Segredo (Campo Grande), Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema (Jateí), Parque Estadual Pantanal do Rio Negro (Aquidauana e Corumbá), Parque Estadual Nascentes do Rio Taquari (Alcinópolis e Costa Rica), Monumento Natural Rio Formoso e Monumento Natural Gruta do Lago Azul, ambos em Bonito.

Com o objetivo de potencializar a pesquisa, o turismo, o lazer, a produção local e a geração de emprego e renda nestes espaços, implantamos na semana passada na Assembleia Legislativa a Frente Parlamentar para o Desenvolvimento das Unidades de Conservação Ambiental. Esse novo grupo de trabalho do legislativo estadual, que conta com a participação de aproximadamente 23 instituições públicas e privadas e representantes da cadeia turística do Estado, vai atuar no debate e apresentação de propostas voltadas para o desenvolvimento de políticas públicas afins de organizar a exploração sustentável dos parques ambientais do Estado. Nossa missão a frente deste grupo de trabalho será de criar propostas viáveis para que as unidades de conservação possam cumprir sua função social, econômica e ambiental.

No Brasil, existem diversas experiências que comprovam a viabilidade de se investir em unidades de conservação ambientais. Por exemplo, a cada R$ 1 investido no Parque Barigui – o maior parque urbano de Curitiba (PR) –, são gerados R$ 12,50 na economia. O Parque Nacional do Iguaçu, onde estão localizadas as Cataratas do Iguaçu, no Paraná, também é um exemplo de sucesso, assim como o Monumento Natural do Corcovado, no Rio de Janeiro, que abriga a estátua do Cristo Redentor.

Apesar de contarmos com algumas experiências bem sucedidas no setor, a potencialização desses espaços ambientais ainda são um grande desafio para Mato Grosso do Sul e para o Brasil. Conforme dados do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), em 2017, apenas 10,7 milhões pessoas visitaram as unidades de conservação ambientais implantadas no Brasil. Em contrapartida, nos Estados Unidos, os parques receberam mais de 250 milhões de visitantes no mesmo período, gerando 43 mil empregos e movimentando R$ 1,1 bilhão na economia.

Aqui no Estado, o governo trabalha desde o ano passado para delinear um programa que objetiva fazer a concessão à iniciativa privada das unidades de conservação estaduais. A intenção é de estender esse patrimônio natural para uso público com atividades de lazer, esporte, turismo.

Vamos trabalhar para construir conjuntamente um modelo sustentável de desenvolvimento para abertura das unidades de conservação ambiental de Mato Grosso do Sul, incentivando o aumento do número de visitantes, criando oportunidades de negócio aos municípios no entorno e estimulando a diversificação do turismo no Estado.

Nosso patrimônio natural precisa ser melhor notado. Muitos sul-mato-grossenses viajam longe para conhecer outros lugares e não percebem o que está do seu lado. A sociedade precisa conhecer esses espaços, saber do seu potencial e desta forma se interessar mais pela conservação do meio ambiente.

() – É engenheiro agrônomo, mestre em gestão e produção agroindustrial. Exerce o segundo mandato de deputado estadual pelo MDB



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