Será que ficaremos presos no purgatório do Coronavírus?

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Por Renato Câmara

“Por quê chegamos neste caos? Quem errou deputado?” Estas perguntas me foram feitas pela locutora Ozair Sanabria, durante entrevista na Rádio Coração, em Dourados.

Quando olhamos os gráficos da pandemia no Brasil nos deparamos com mais de meio milhão de pessoas que perderam suas vidas e quase 20 milhões que se infectaram com o vírus. Boa parte da população não se assusta mais com o número de mortos que continua a aumentar, nem parece que recentemente batemos o recorde de 100 mil casos em um único dia.

Quando pensamos que a doença está dando uma trégua e que estamos saindo do pior da crise, os casos voltam a subir e nossa esperança fica abalada. O pior é ver os outros países deixando as restrições e podendo voltar a ter uma vida quase normal. A comparação entre nosso país e os Estados Unidos é latente e muito presente nos noticiários. Enquanto os americanos voltam à “normalidade”, nós estamos nesta deprimente situação. Precisamos de informação e reflexão. Avalio que de fato o grande erro é o desencontro de ações, a busca de soluções isoladas, muitas vezes deixando a Ciência de lado.

Fomos bombardeados por informações de todos os lados no ano passado, a Europa fechada, depois os Estados Unidos. E nós observando a pandemia assolar outros países, usamos sempre a mesma premissa que estas doenças não vão chegar aqui na mesma proporção, pois somos um país tropical e elas não vão se proliferar no calor com a mesma agressividade que em países de clima temperado. Erramos, subestimamos nosso inimigo que ainda tem facetas desconhecidas.

Notadamente vemos os desencontros todos os dias, a mídia chegou a noticiar casos de pessoas sendo agredidas ao exigirem o uso das máscaras em recintos comerciais. Há também desentendimentos de decretos, prefeito da Capital não aceita resolução estadual. O município de Dourados puxou a fila do lockdown e vários outros municípios acompanharam a orientação do estado.

O Brasil é o maior celeiro de craques do futebol no mundo, mas no momento não somos a melhor seleção.  O esporte espelha nossa sociedade. Fazemos o nosso melhor, mas não conseguimos fazer o melhor na coletividade. Falta um técnico que possa atuar no comando central do país, permeando todos os entes federativos, seja municipal, estadual e federal, criando amplas campanhas das regras sanitárias de prevenção.

Agora essas premissas são colocadas em cheque, vivemos o nosso maior desafio, que é aprender a atuar em equipe e refletir sobre a autorresponsabilidade. Acompanhando os outros países avançando na vacinação e saindo das restrições, não pode ser sentida ainda como uma realidade brasileira. Pois, por aqui as campanhas de vacinação estão sendo constantemente interrompidas pela falta de doses.

Que este purgatório acabe o quanto antes possível. E que possamos responder para a senhora Ozair que apesar dos inúmeros erros, conseguimos reverter a situação e que há luz no fim do túnel.

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